O
HOMEM E A CARRAÇA
Resumo:
Este texto apresenta uma breve reflexão sobre o comportamento do homem
comparado ao da carraça, o homem como ser sociável que depende do outro desde
sua nascença para sua sobrevivência, dependência esta que por conta do
capitalismo se tornou uma dependência com o objetivo de se aproveitar do outro,
visando somente o lucro e vendo-o como um meio para atingir determinados fins. Quando o homem vê o outro com a visão capitalista ele se torna como a
carraça, que depende do outro apenas para sugar-lhe o sangue.
A Carraça ou carrapato não enxerga, não sente cheiro e nem ouve, para sugar o sangue, tanto de um animal como ate mesmo de um ser humano, ela só precisa sentir a temperatura de um corpo que tenha seus 33° graus. A carraça não tem outro objetivo, a não ser sugar uma jorrada de sangue, depois se jogar ao chão, procriar e morrer. Ou seja, age por instinto, é pobre de mundo, pois, está no mundo mas não percebe o mundo a sua volta.
A Carraça ou carrapato não enxerga, não sente cheiro e nem ouve, para sugar o sangue, tanto de um animal como ate mesmo de um ser humano, ela só precisa sentir a temperatura de um corpo que tenha seus 33° graus. A carraça não tem outro objetivo, a não ser sugar uma jorrada de sangue, depois se jogar ao chão, procriar e morrer. Ou seja, age por instinto, é pobre de mundo, pois, está no mundo mas não percebe o mundo a sua volta.
Palavras- chave:
Homem, Carraça, Sociabilidade, Dependência.
Introdução
O
objetivo deste trabalho é fazer uma pequena comparação entre o homem e a
carraça. O homem é por essência um ser sociável, pois como afirma Mondin (1980)
sozinho não pode vir a este mundo, nem crescer, nem educar-se sozinho e muito
menos satisfazer suas necessidades elementares. Somente em companhia dos outros
é que o homem pode obter tudo isto. A carraça também embora aja por puro
instinto é totalmente dependente do outro para satisfazer suas necessidades.
Veremos no decorrer deste trabalho em quais pontos eles se parecem e em quais
se diferem.
O homem é um ser sociável
Desde
seu primeiro aparecimento na terra o homem já é encontrado posto em grupos
sociais, que no inicio eram pequenos grupos como, a família, o clã, a tribo e
com o decorrer do tempo se tornaram grandes grupos como, a aldeia, a cidade e o
estado (MONDIN, 1980).
Como
o homem depende do outro para tudo e não pode viver por si próprio e somente
para si, a idéia de independência perde totalmente seu sentido e a idéia que
prevalece é a de interdependência.
Conforme
afirma Mondin (1980), a capacidade do individuo de agir, e até de pensar com
certa independência de seu ambiente social ou constatando com ele vai, vai se
reduzindo constantemente. Isso quer dizer, entre outras coisas, que o nosso
ideal de liberdade e de sociedade livre não pode ser simplesmente definido nos
termos de uma independência. Para o homem contemporâneo a redenção coincide com
a sua capacidade de não se transformar nesse momento em um individuo do qual a
independência na realidade nada seria além de uma impotência perante a
gigantesca maquina do estado, mas sem uma pessoa que possa encontrar não perder
a si mesma na independência da comunidade. O conteúdo de sua salvação com
respeito à sociedade consiste para o homem moderno, no descobrir-se a si mesmo
como pessoa que decide a favor de uma relação de interdependência com os
outros.
Para
Aristóteles o homem é necessariamente ligado aos vínculos sociais, pois depende
da relação em sociedade para que possa satisfazer suas próprias necessidades e
realizar suas aspirações. É a própria natureza que induz o homem a associar-se
com os outros indivíduos e a se organizar em sociedade (MONDIN, 1980).
Essa
capacidade de se associar com os outros e viver em sociedade já nasce com o
homem Mondin (1980, p.170) afirma que “a sociabilidade é a conseqüência imediata
das faculdadesmais ligadas ao ser do homem, que são: o conhecimento, a
corporeidade, a linguagem, a liberdade e o amor.
O
conhecimento Põe o homem em contato com todo o mundo que o cerca, a linguagem
lhe permite se comunicar com os outros sua idéias próprias, o corpo da à
possibilidade de realizar suas atividades do dia a dia como, trabalhar,
praticar esportes, se divertir, e o amor e a liberdade colocam-no á disposição
para dar se aos outros e para fazer-se participantes das próprias coisas e do próprio
ser (MONDIN, 1980).
Mondin
faz uma comparação entre o homem e o animal e mostra que a capacidade que o
homem tem de cognição, afeição e lingüística o faz superar as expressões de
sociabilidade dos animais, uma vez que o homem pelo simples fato de pensar
realiza a dimensão da sociabilidade livremente em organizações e instituições (governos,
parlamentos, tribunais, exércitos, escolas, hospitais, trens, rodovias, aviões,
estádio, teatros, imprensa, radio, televisão, et.).
A
grande diferença entre as sociedades humanas e as sociedades animais é que, as
sociedades humanas são governadas pelo seu exterior “instituições que torna
possível a existência da linguagem”, enquanto as sociedades animais são
governadas pelo instinto (MONDIN, 1980).
O
homem depende dessa convivência com o outro para se tornar sujeito de uma
determinada sociedade onde nasce e para adquirir os valores desta sociedade
assim como, cultura, religião, ética, et..
Conforme
afirma Mondin (1980), é por meio do convívio com o outro em sociedade que o
homem se torna um individuo cultural, religioso, adquire princípios morais e
certos critérios estéticos segundo a sociedade a qual pertence.
Tomazi
(2010) afirma que, o conhecimento se desenvolveu socialmente, e se quisermos
compreender como pessoas de determinada época pensavam, precisamos primeiro
saber em que meio social elas viveram, pois o pensamento de um período da
historia é criado pelos indivíduos em grupos ou classes.
Na
antiguidade o individuo sozinho era pouco valorizado, esua importânciaestava
relacionada ao grupo que este pertencia, seja a família, estado ou clã.
Segundo
Tomazi (2010), entre os povos antigos, pouco valor era dado ao individuo
sozinho, e a importância deste individuo estava inserida no grupo a que
pertencia (família, estado, clã, et.). Se analisarmos a sociedade indígena, a
grega, a romana e a medieval, apesar das diferenças naturais entre os
indivíduos, não havia a hipótese de pensar em alguém fora de seu grupo.
A
partir do século XVIII, com o desenvolvimento do capitalismo e do pensamento
liberal, é que se firma a idéia de individuo e individualismo, pois se colocava
a felicidade humana no centro das atenções. Não se tratava da felicidade como
um todo, mas de sua expressão material. O que importava para esse tipo de
pensamento era a pessoa ter dinheiro, ser dono do seu próprio negocio e ter
bens. No século XIX essa visão estava completamente estabelecida, e a sociedade
capitalista, consolidada (TOMAZI, 2010).
Considerações finais:
Como vimos no decorrer deste
trabalho, o homem desde que nasce depende do outro e essa dependência já faz
dele um ser sociável que depende dessa relação com o outro para sua sobrevivência.
Essa dependência do outro deve ser uma dependência recíproca e não uma
dependência como a da carraça (aproveitadora), pois o único objetivo da carraça
é sugar o sangue do outro para sua própria manutenção.
Mas infelizmente com o crescimento
do capitalismo o homem só consegue ver o outro como produto, negócio, objeto e um
forte concorrente. Vivenciamos isto todos os dias na escola, no trabalho, em
casa, nas ruas com as propagandas, na televisão, radio internet, etc. e
infelizmente a escola que deveria ser a primeira a lutar contra este tipo de
pensamento, acaba sendo mais uma e talvez o principal dispositivo regulador a
favor do capitalismo, com uma visão totalmente competidora e individualista,
pois ela mesma nos ensina a estudarmos para concorrermos a uma posição melhor
no mercado de trabalho e não para sermos seres melhores. O homem como um ser
social deve viver em função dos outros, numa relação de respeito, solidariedade,
reciprocidade, deve estar disposto a se dar pelo o outro, entender o outro,
etc. Tudo isto podemos resumir em uma única palavra, “Amor”.
Quando a nossa dependência pelo outro é igual
à carraça, nos vivemos em função de nos mesmos, em função de nossos próprios
desejos e necessidades, só o que nos importa são nossos próprios valores, só o
que importa é o que pensamos o que fazemos e não nos importamos com os outros e
muito menos se nossas decisões afeta os outros. Quando agimos assim, agimos
como a carraça, nos aproximamos do outro só para tirar proveito, para querer
ser melhores, para prejudicar, humilhar, em fim, para sugar.
Precisamos
repensar nossa pratica, e para isso devemos reconhecer nossas limitações e
lembrarmos todos os dias que dependemos do outro, mas não com a visão do
capitalismo. Precisamos do outro para ter uma relação de dialogo, de
reciprocidade como já disse antes, uma relação de igualdade, pois para ter
dialogo é preciso que aja essa relação de igualdade, respeito e amor pelo meu
próximo.
REFERENCIAS
Agamben Giorgio, O
aberto: O homem e o animal. (Biblioteca de filosofia Contemporânea: 42).
Mondin Battista, Introdução á filosofia: problemas,
sistemas, autores, obras. São Paulo: Paulus, 1980.
Mondin Battista, O homem, quem é ele?: elementos de
antropologia filosófica. São Paulo: Paulus, 1980.
Tomazi Nelson, Sociologia para o ensino médio, 2 ed.
São Paulo: Saraiva, 2010.
Agamben
Giorgio, O aberto: O homem e o animal. (Biblioteca de
filosofia Contemporânea: 42).